quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O bêbado e o equilibrista


Conheço algumas pessoas que não fizeram faculdade da mesma forma que conheço pessoas que fizeram doutorado.
Uma dessas pessoas que não fez faculdade é extremamente feliz e me faz rir todos os dias da minha vida.
Já uma das que fez doutorado é um porre que vive reclamando da vida e descontando sua raiva nos outros.
A sociedade dita que se não fizermos faculdade, não trabalharmos em algo convencional e não ganharmos rios de dinheiro, a vida será uma merda.
Tenho para mim que tudo isso é um grande monte de besteira.
O curso que você se inscreve no vestibular me parece algo efêmero perto do que a vida é realmente.
No meio do curso você pode mudar de idéia ou talvez você mude de idéia depois de treze anos trabalhando naquela área.
Profissão não é sinônimo de vida.
Às vezes um mendigo viveu muito mais do que um grande proprietário.
Às vezes um bêbado viveu muito mais do que um sóbrio.
Às vezes um equilibrista viveu muito mais do que um empresário.
Ou às vezes não.
Pois viver é sinônimo de momentos. E normalmente os que valem ser lembrados são os mais simples possíveis.

A falta que ele faz


Vejo você escapando de meus braços e escorregando pelos meus dedos.
Percebo o seu Adeus de longe e tento gritar.
A voz não sai. Não sai por desespero, não sai por medo.
Medo de sofrer, de chorar, de cortar, de arranhar, de sentir dor por você.
Depois de setembros lentos e vazios, você decide voltar em um fevereiro.
Pela segunda vez, te dou uma chance, abro os meus braços e meu sorriso.
E a segunda chance sangra antes mesmo de abril.
E em julho já não me lembro da sensação.
Assim, em novembro, escuto cantarem sobre você, falarem sobre você e te exporem aos olhos alheios.
E no Ano Novo me pergunto: Onde está, que não aqui, dentro de mim?

Sobre pensamentos e músicas


Karl Marx disse uma vez:
"Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo."
Em uma conversa de domingo sentada numa mesa de madeira com uma dessas pessoas que fazem parte da minha vida desde que estou nela surgiu um assunto, não sei de onde, peculiar: o fato de eu ser do contra.
Minha prima L.Cr tinha essa injusta opinião de que, se houvesse uma fila em algum lugar, eu automaticamente andaria para o lado contrário do que ela seguia. Rapidamente eu a corrigi dizendo que eu não faria isso automaticamente, mas com toda certeza eu o faria se o porquê da fila seguir para um lado não fosse satisfatório para mim. Afinal, não faz o menor sentido eu fazer algo simplesmente porque todo mundo faz.
Ela disse então que concordava, mas da forma que eu fazia parecia que eu queria simplesmente ser do contra, como o caso de eu ter parado de comer carne repentinamente há mais ou menos dois anos. Já em minha defesa devo enfatizar que não foi de repente, eu já pensava nisso fazia bem uns dois ou três anos, mas só tive coragem e força de vontade o suficiente naquele ano. Meio que eu tinha tentado outras vezes e como não tinha conseguido não comentei com ninguém até tornar definitivo. Além disso, eu tenho meus motivos para parar só não os digo por que primeiro, tenho preguiça já que são “os” e não “o” e segundo, eles são o bastante para mim e tenho certeza que, não importam quais, para a maioria que come carne eles são insuficientes e dignos de uma discussão que não vai levar a lugar nenhum como as sobre futebol, religião e política. Por isso eu não estou nem aí para o que pensam. Eu não como carne e sou mais feliz desse jeito!
Mas voltando a falar daquilo que eu estava falando...
E ela, que é responsável e tem os pés no chão, disse que queria mudar o mundo tanto quanto eu, mas que ela não ficava por aí sonhando e não era idealista como eu.
Depois de mais algumas discussões sobre política, religião, futebol e sobre o quanto o pão de queijo e o guaraná de Araguari são melhores do que os de Bsb, voltei para casa com o meu irmão dirigindo e falando que ele, na minha idade, também pensava sobre mudar o mundo, mas ele cresceu e percebeu que era tudo besteira. Quando eu falo assim parece que temos mil anos de diferença sendo que são só alguns.
Enfim, SOU AVOADA SIM.
Sou idealista pra caramba, não fico pensando em fazer coisas que me dêem muito dinheiro, não sou responsável e faço as coisas instintivamente e de supetão. Já levei muita pancada e muita rasteira. Já chorei de raiva por tentarem me calar e por me repreenderem quando falei a verdade sem pensar. Por outro lado, foi com esse meu jeito sem noção que passei a ser voluntária, foi com a minha mente nas nuvens que parei de comer carne, foi com as minhas explosões que comecei a economizar sacolas plásticas, foi com idealismo que comprei papel reciclado. São poucas e pequenas coisas? São pouquíssimas, mas a melhor coisa do mundo é perceber que não sou a única que fica sonhando e tentando fazer.
Como canta Diogo Nogueira:
“Tô fazendo a minha parte, um dia eu chego lá.”